terça-feira, 10 de agosto de 2010

Olha Ai!!! Que Bacana!!!!!

*UnB cria a disciplina "Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais"*


É com grande prazer que compartilhamos essa notícia, publicada por Ana
Lúcia Moura na seção de notícias da Universidade de Brasília. Trata-se de
iniciativa exemplar e inspiradora para os demais regiões do Brasil.
Benki Pianko é um grande especialista brasileiro em reflorestamento.
Maniwa Kamayurá conhece em detalhes as técnicas de construção indígena.
Lucely Pio é capaz de identificar com precisão qualquer planta do cerrado.
Mas o conhecimento de nenhum deles veio das salas de aula. Eles aprenderam o ofício com o avô, com a avó, com o pai, com a mãe. E passam sua sabedoria aos mais novos, aos filhos, aos netos. Agora, vão ensinar o que
aprenderam também aos alunos da Universidade de Brasília.

Benki, Maniwa e Lucely serão professores de uma disciplina de módulo livre
que deve ser inaugurada no próximo semestre: Artes e Ofícios dos Saberes
Tradicionais. Benki, que é mestre do povo indígena Ashaninka, no Acre,
Maniwa, pajé e representante dos povos indígenas do Alto Xingu e Lucely,
mestre raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro, em Goiás, vão passar
adiante o conhecimento acumulado durante mais de séculos nas comunidades
onde cresceram e vivem até hoje. Benki e Maniwa são xamãs indígenas,
líderes espirituais com funções e poderes ritualísticos. Lucely é mestre
quilombola.
Além deles serão também professores da nova disciplina Zé Jerome, mestre
de Congado e Folia de Reis do Vale do Paraíba, em São Paulo, e Biu
Alexandre, mestre do Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, um dos
tradicionais grupos folclóricos da Zona da Mata pernambucana, que reúne
teatro, dança, música e poesia.
A criação da disciplina, que deve ter carga semanal de seis horas e
depende ainda de aprovação do Decanato de Ensino de Graduação, faz parte
de um projeto de introdução dos saberes tradicionais na universidade.
"Queremos promover um diálogo, uma troca de conhecimentos" , explica o
professor José Jorge de Carvalho, criador e coordenador do projeto e
também dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. "Os mestres que
aqui estarão tem um modo de construir saberes que leva em conta não só o
pensar, que é característico da cultura das universidades, mas também o
fazer e o sentir", completa o professor.
AVANÇO - O professor José Jorge destaca, no entanto, que a introdução dos
saberes tradicionais não é uma negação da forma utilizada pelas
universidades de produzir e transmitir conhecimento. "Pelo contrário. É
uma soma. Sabemos coisas que os mestres tradicionais não sabem, assim como eles sabem muito do que não conhecemos. A universidade pode ser muito mais rica do que é", acrescenta. Cada mestre passará duas semanas na UnB e será acompanhado por um professor na sala de aula. "A universidade pode ser
mais rica do que é e para isso precisa fazer justiça à riqueza de saberes
que existem no Brasil", completa o professor José Jorge.
O diretor do Departamento de Antropologia, Luís Roberto Cardoso de
Oliveira, lembra que a criação de disciplinas de módulo livre, que
permitem aos alunos contato com um conhecimento totalmente fora de sua
área, foi um avanço. "E colocar os mestres frente a frente com os alunos e
ao lado dos professores é uma proposta que vai ainda mais além", comenta.
Para Nina de Paula Laranjeira, diretora de Acompanhamento e Integração
Acadêmica do Decanato de Ensino de Graduação, a iniciativa por si só já
demonstra uma mudança nos modos de pensar. "Precisamos superar o paradigma de que o conhecimento está limitado à comprovação científica", afirma.
TROCA DE SABERES - As bases pedagógicas e antropológicas da nova
disciplina serão discutidas nos dias 15 e 16 de julho, como parte do
seminário internacional que vai tratar da introdução de novos saberes nas
universidades. "O método de transmissão dos mestres tradicionais é
completamente diferente do nosso. O ideal para a raizeira Lucily, por
exemplo, é ensinar caminhando pelo cerrado", explica o professor José
Jorge.
Organizado pelos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia e Ministério
da Cultura, o Encontro de Saberes vai reunir mestres indígenas e de
atividades folclóricas, professores brasileiros e latino americanos, além
de representantes do Governo Federal. No encontro, serão apresentadas
experiências de universidades de cinco países da América Latina que
desenvolvem projetos de inclusão de saberes tradicionais em seus cursos,
disciplinas e programas de extensão. O seminário, que acontece no
Auditório Dois Candangos, também será uma oportunidade para os novos
professores conhecerem melhor a UnB.
Entre os palestrantes estão o reitor da Universidade Amawtay Wasi do
Equador, Maria Mercedes Díaz, da Universidade de Catamarca na Argentina,
Jaime Arocha, professor de Antropologia da Universidade Nacional da
Colômbia, Carlos Callisaya, coordenador das Universidades Indígenas da
Bolívia no Ministério da Educação boliviano e Maria Luísa Duarte Medina,
que atua em projetos de inclusão dos saberes indígenas nas instituições de
ensino superior do Paraguai. "A presença de cada um deles mostra que a
inclusão dos saberes tradicionais na academia é um movimento cada vez mais
forte", afirma o professor José Jorge.

Um comentário:

  1. Vivaaaaaaaaaaaaaaaaa, sempre soube que um dia issom iria acontecer, que bom que estou viva pra celebrar. via viva viva

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