sábado, 31 de agosto de 2013

Para os Poetas de Plantão.

Aqui vai a minha mais completa ousadia: a de escrever ...
Lavei os pés, a intimidade e o rosto.
Na verdade , nem sei bem ao certo para que lavar-me.
Essa necessidade de estar limpa, vem de onde?
De que parte de mim?
Quando me vejo transfigurada pela melancolia,pelo tédio, já me bate logo essa economia de limpezas.
Vem um desejo de não me lavar , de não me banhar...
Cabelos sujos, desgrenhados, cheiro de guardado, de mofo mesmo.
Combina mais com os olhos fundos sem brilho.
Não há comiseração ,ou piedade, não há.
Há um entorpecimento,um desânimo, algo que parece vir de um outro tempo,sequer tem ligação com fatos corriqueiros./É vazio, oco.
Sem nenhum preenchimento.
Um quase vácuo.
Um quase nada.
Posso ficar horas construindo frases.
Mas , não há em mim nenhum engano: Não é poesia.
O que escrevo ,ou talvez desabafo, não é do mundo dos poemas.
É o que sujo dentro de mim vaza, sobra.
É a minha alma que agoniada vomita.
Só isso.

Silvia M.

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