quarta-feira, 24 de março de 2010

Dança desabafo...

"Uma dança que se pensa"

Uma dança como expressão de modos sutis de construção do (meu)corpo nas suas relações com o tempo ditado pelo mundo.
Numa busca de projeção de mim mesma , a dança me situou em dois momentos distintos :
*Sobre o que falar
*Sobre como falar
Á partir da necessidade de trazer para o (meu)corpo,e para a dança as minhas questões com o mundo que me cerca, problematizando não só a dança ,mas as relações que se criam ao redor e entre - dança-questões-mundo.
Queria pensar uma dança que fosse ao mesmo tempo o meu chão e minha libertação.
Não estar refém de um roteiro fechado, estreitamente analisado,pensado.Um chão que caiba o desconhecido do movimento feito no aqui e agora.
Uma dança onde eu pudesse estar intensa no mundo,como num salto no escuro.Queria determinar os entulhos onde quase sempre estão meu corpo,e que o cotidiano insiste em enterrar, esconder.
Dançar o desequilibrio de viver com medo,sem precisamente dançar o medo.(Um equilibrio impossivel).
Dançar o problema de tentar se equilibrar entre o chão nada firme da tentativa de existir e entender-se, para encontrar uma dança comprometida com a realidade.
Não quero uma dança que sussurre dentro de mim, quero uma dança que grite, que se some ao gesto e assim, provoque um estado de "desabafo".
Uma dança que possa manifestar nossos desacordos.
Quero acreditar numa dança de resistências, e pensar que sou parte disso, uma dança que não negue os conflitos com o "ser" , e o "estar".
Por uma dança-desabafo...
silvia moura

Um comentário:

  1. Toda separação dilacera, mas constrói, reconstrói...
    Energias fluidas para seus pensamentos de dança, Mourela.
    Que nossos caminhos de escritas se cruzem, entrecruzem, dialoguem...
    Abraços.

    M.

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